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06/02/2017

enquanto uma papoila desabrocha num canto do mundo, há outro local onde me caem as roupas, despindo-me para ti.
tenho medo de me despir todos os dias na constante possibilidade de me lembrar de onde estou. aquele medo diário que tenho em confundir o ventre...
quero muito, mesmo muito, atirar-me de uma janela e senti-la a partir-se atrás de mim, à minha frente, rasgando a minha pele, e assim sentir outra vez a dor como uma coisa nova. a dor que nos consome toda a vida e nunca volta a ser boa. nunca.
nunca nunca nunca nunca nunca nunca
n
u
n
c
a
[...]
o amor e a raiva estão tão perto, neste quarto pequeno feito de casulo onde me deito todas as noites, e de onde saio sempre a mesma lagarta sem saber como subir ao céu sem as nuvens negras.
amei-te tanto.