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23/11/2012

os olhos do senhor

os olhos do senhor, que ia no comboio,
eram vazios
longínquos
abertos, embora fechados
fechados, embora abertos
e contavam histórias, sobre
nada.


21/11/2012

pesos

pesos
mortos
são os meus olhos:
quando durmo em versos teus e respirações descoordenadas.

nem sequer sei como é a tua respiração
nem como são os teus olhos, fechados.
mas gostava.
e é isso que me faz pensar nisso
e nos versos teus, e nas respirações descoordenadas.

mas é a pele
e a penugem das mãos
e as unhas, rijas
e os pés, assentes.
mas não conheço de perto.

11/11/2012

III, pag. 37

''(...) acordaram muito cedo as duas irmãs mais belas do bairro: A Ermelinda e a Mafalda. A Ermelinda é aquela nuvem modelada que todos os homens trazem nos olhos (...). A beleza da Mafalda tem um recorte mais difícil de encontrar porque nasceu corcunda e feia.''

José Gomes Ferreira, in
A Poesia Continua, Velhas e  Novas Circunstâncias

06/08/2012

inanimado

estava a reflectir sobre o que merecia respeito.
as nuvens
o sol
as brisas frescas.

(o vento não.
o vento despenteia o cabelo e a alma.)

a água
as flores
a terra.

os minutos frágeis,
gastos por existências frágeis...

as epidemias de aromas frescos
perfumados
perfume.

[ruminando a cabeça por objectos inanimados]